27 de setembro de 2011

Óculos Escuros (...)


Fotografia de Ana Barroso

Tu que de óculos escuros passas na rua, desviando o olhar do teu próximo com medo de trocar um olhar com alguém!
Sim tu, tu mesmo que olhas para o chão com medo de calcares alguém com o mesmo andar que tu, sim tu, egoísta que não sorris, mas choras por dentro, que dizes não sonhar, mas passas a vida a castigar-te.
Escuros, sim escuros são os óculos que te pertencem, assim como os olhos que te são queridos pertencem a quem amas, sim esses, que não paras de desejar.
Tu que nessa escuridão não te vês livre deles e sonhas com o dia em que todos fossem cegos para não se apaixonarem como aconteceu contigo, sim tu, mente moribunda que vagueia nas trevas, na ânsia de encontrar a menina dos teus olhos.
Foram bastantes as vezes que desejas-te tirar os óculos da tua vida para tentares cruzar os teus olhos sem vida, com outros olhos cheios do mesmo nada que tu.
Esconde-te alma nas profundezas da escuridão, assim como os olhos se refugiam na escuridão destas lentes, ai lentes foscas desses óculos antigos, empobrecidos com essa tua alma, ai como me deixas triste.
Mártir do seu próprio eu, sim tu, ou mesmo eu.


PS: Um dia poderei ver a luz sem ti, meus óculos escuros.

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